Pesquisa indica preferência por destinos nacionais no pós-pandemia

Dados revelam, ainda, que operadoras de turismo pretendem comercializar viagens dentro do país ainda em 2020. Crédito: Bruno Lima/MTur

A procura por destinos nacionais deve marcar a retomada do mercado de viagens no Brasil após o fim da pandemia do novo coronavírus. É o que revelam pesquisas divulgadas na última terça-feira (26), durante um seminário online (webinar) promovido pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) que contou com a participação de especialistas da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo um dos estudos, realizado em parceria com o Laboratório de Estudos em Sustentabilidade e Turismo da UnB (LETS) e a consultoria Amplia Mundo, locais no próprio país representam 60% das preferências dos brasileiros ainda para 2020. Conforme a consulta, que ouviu 1.136 pessoas de todos os estados, com grande experiência na área, o Nordeste é alvo de 21,8% das escolhas, seguido do Sudeste (19,8%), do Sul (9,6%), do Centro-Oeste (5,7%) e do Norte (3,4%).

Já dados da Braztoa mostram que 70% das operadoras pretendem aumentar a oferta de destinos nacionais. Conforme a pesquisa da entidade, 17% planejam iniciar vendas focadas no Brasil e 58% preveem a comercialização de viagens nacionais no segundo semestre. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, avalia que os resultados indicam a necessidade de atenção ao mercado doméstico, uma das metas do governo federal.

“Estamos desenvolvendo uma campanha para estimular o brasileiro a visitar destinos no próprio país, de forma a ajudar na retomada e permitir que o turismo continue tendo um forte papel no desenvolvimento econômico e na geração de emprego e renda. Os nossos esforços também incluem ações como o incentivo ao turismo rodoviário, utilizando rotas do programa Investe Turismo para permitir a conectividade com outros modais de transporte e facilitar a busca por roteiros integrados”, adianta o ministro.

De acordo com números divulgados na conversa, 70% dos entrevistados mantêm a intenção de viajar ainda este ano e 56% dos consultados optam por apenas adiar planos. Os dados reforçam a campanha digital ‘Não cancele, remarque!”, desenvolvida pelo Ministério do Turismo. A ação busca proporcionar a manutenção de pacotes e serviços contratados, permitindo a preservação de milhares de postos de trabalho no segmento. (Acesse aqui)

SEGURANÇA – A necessidade de se garantir segurança e informações claras ao turista quanto a protocolos de higiene e limpeza foi um dos assuntos abordados durante o bate-papo online. Helena Costa, mestra em Turismo e líder do LETS, destacou a importância de iniciativas como o selo “Turista Protegido”, primeira etapa de um programa do MTur que criará diretrizes sanitárias para as diferentes atividades do setor.

“É isso que outros destinos estão fazendo, como Portugal. Você vê a quantidade de planos de viagem, as pessoas ainda estão preferindo adiar a cancelar. Então, faz sentido aumentar essa sensação de segurança, com bons protocolos e que sejam claramente comunicados”, frisou Helena, que destacou a colaboração de representantes da Rede de Inteligência de Mercado no Turismo (RIMT), coordenada pelo MTur, no debate sobre novas tendências do setor.

A transmissão também contou com a participação de Marina Figueiredo, vice-presidente da Braztoa, e das pesquisadoras Anastasiya Golets e Jéssica Farias, da UnB. O diálogo integra uma série de seminários virtuais da Braztoa, que discute o turismo no pós-pandemia. O projeto reúne diversos especialistas nacionais e internacionais do ramo para avaliar o atual momento de dificuldades e projetar cenários futuros em relação ao mercado de viagens.

RESULTADOS – Segundo a Braztoa, que consultou operadores entre 8 e 15 de maio, as vendas realizadas por 80% das empresas que conseguiram comercializar serviços em abril equivalem a, no máximo, 10% do registrado no mesmo mês de 2019. Os dados também revelam que apenas 24% delas contrataram viagens com embarque até julho deste ano. O quadro indica perdas de 90% no faturamento do ramo no período, o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão.

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