De Gramado -Na palestra conduzida por Higor Freitas, gerente executivo da Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan), no Connection Terrois do Brasil nesta quinta-feira(29), foi apresentado um panorama histórico e cultural da produção do queijo da Canastra, um queijo tradicional de Minas Gerais que existe há mais de 200 anos.
A região da Canastra, embora relativamente nova em comparação com outras áreas produtoras de queijo de Minas Gerais, consolidou-se ao longo do tempo devido às suas práticas únicas de produção e maturação, desenvolvidas em um contexto de subsistência e trocas comerciais com tropeiros.
Higor destacou como a produção de queijo evoluiu desde uma necessidade de conservação de alimentos, antes da existência de métodos modernos como refrigeração, até se tornar um produto valorizado. No entanto, a introdução de leis sanitárias em 1952 trouxe desafios legais que afetaram o mercado de queijos artesanais, resultando na desvalorização dos produtos locais e no êxodo de jovens em busca de oportunidades nas grandes cidades.
Um ponto importante da palestra foi a formação de uma cooperativa de crédito local, o Sicoob Sarom, em 1991, como uma resposta à falta de instituições bancárias após o fechamento da Minas Caixa. Essa iniciativa visava resgatar a autoestima local, promover a valorização do território e incentivar o desenvolvimento econômico através da produção de queijo e outros produtos.
A partir de 2002, leis específicas permitiram a comercialização do queijo artesanal dentro do estado de Minas Gerais. Em 2013, uma nova regulamentação permitiu a venda para outros estados brasileiros, o que ampliou significativamente o mercado e trouxe parcerias estratégicas, como com o SEBRAE.
Outros marcos importantes incluem a conquista de medalhas em competições internacionais, o reconhecimento do queijo da Canastra como um produto de qualidade superior, e esforços para proteger a produção local contra fraudes.
Em 2019, a indicação geográfica foi utilizada para assegurar a autenticidade do queijo da Canastra, e ações posteriores reforçaram a identidade cultural e a proteção do produto.
A palestra encerrou destacando o esforço contínuo para obter o reconhecimento do modo de produção do queijo artesanal de Minas Gerais como Patrimônio da Humanidade, cujo resultado é esperado para dezembro de 2024.
O Turismo&Eventos Participa do Connection Terroirs do Brasil 2024, a convite da organização.
- Imagem em destaque:Higor Freitas – Foto: Patricia Penna
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