Renda-se aos encantos do Monte Roraima

Crédito: Fábio Schultz

Explorar, conhecer e visitar o Monte Roraima é uma das apostas para o mercado interno brasileiro. Descobrir fauna e flora exuberantes, fotografar, conviver com cenários paradisíacos e únicos e se desconectar totalmente dos momentos vividos pelo confinamento social são algumas das propostas turísticas mais completas e impactantes do mercado turístico interno.

O Monte Roraima marca a divisa de três países da América do Sul: Brasil, Venezuela e República Cooperativista da Guiana. É considerado um dos lugares geologicamente mais antigos do planeta e está catalogado como o sétimo ponto mais elevado do país, com 2.739 metros. O seu nome deu origem ao Estado de Roraima, a partir da expressão ROROI (verde azulado) e IMA (grande), na língua Pemon (de indígenas que vivem ao sul da Venezuela, da mesma etnia Taurepang, no Brasil).

Atraindo a atenção de turistas, aventureiros, cientistas, biólogos, antropólogos, esotéricos, fotógrafos, cineastas, místicos e todos aqueles que buscam nesta fascinante aventura o reencontro consigo mesmo e com a origem da vida, o atrativo leva a todos a repensarem sobre o verdadeiro sentido de se viver.

O primeiro homem a vislumbrar o Monte Roraima foi o inglês Sir Walter Raleigh em 1595, que chegou até a base, mas não conseguiu subir. Somente em 1884, o botânico Everard Im Thurn conseguiu a proeza. Seus impressionantes relatos inspiraram o escritor Arthur Conan Doyle na obra imortal “O Mundo Perdido”.

O tempo parece ter parado no alto de algumas montanhas do sudeste da Venezuela. Não são montanhas pontiagudas, verdejantes ou nevadas como as que estamos acostumados a contemplar, nem fazem parte de cadeias com alturas monumentais – como os Andes ou o Himalaia. As mais altas não superam os 3 mil metros, porém, não existem montanhas iguais em nenhum outro lugar do planeta.

Nascidas num tempo remoto em que a vida na Terra nem sequer engatinhava, há quase uma centena delas entre as florestas e savanas venezuelanas, invadindo a Amazônia brasileira e a Guiana. Elas têm formas curiosas, cilíndricas, com paredões radicais cor de terra que sustentam imensos platôs. Parecem mesas imensas e ficaram conhecidas como tepuis, palavra que significa montanha na língua dos índios Pemons – grupo ancestral que habitava aquela região. Com suas espécies vegetais e formações rochosas monumentais que chegam a lembrar dinossauros, o Monte Roraima é o mais complexo, desafiador e misterioso dos Tepuis.

Terra de lendas, plantas exóticas e endêmicas

Como todos os tepuis desta região, o Monte Roraima começou a ser desenhado há quase dois bilhões de anos, quando nem sequer os continentes apresentavam seus contornos atuais. O topo do Roraima é um lugar único, sem referências geográficas em qualquer outra região da Terra. O exército de pedras escuras do platô, com formas e dimensões distintas que variam conforme a luz seria capaz de instigar a imaginação até do mais duro e cético dos escritores.

Muitos trechos dos seus quase 90 km de área permanecem ainda intocados, seja pela dificuldade de acesso ou pelas crenças indígenas que os isolam. Para ser ter uma ideia, somente em 1976 é que o primeiro homem (o escritor venezuelano Charles Brewer-Carias) desvendou o impressionante Vale dos Cristais, local próximo ao ponto que marca a tríplice fronteira.

Já as lendas mantidas vivas pelos índios fazem com que visitantes e estudiosos jurem ter visto criaturas pré-históricas, ou ouvido urros estranhos quando alojados na área do Monte Roraima. Mas os únicos seres vivos devidamente registrados no topo do Monte são alguns pássaros, insetos e anfíbios – entre eles a peculiar borboleta-tigre e o sapo preto da barriga vermelha, do tamanho de uma unha.

Estima-se que pelo menos 400 tipos de bromélias e mais de 2 mil tipos de flores e samambaias compõem a diversidade da flora. Isoladas ao longo de milhões de anos, forçadas a adaptar-se por causa da falta de nutrientes do solo, elas evoluíram em novas espécies – as bromélias, por exemplo, criaram surpreendentes hábitos carnívoros, alimentando-se de insetos.

Clima de mistério e o maior salto de cachoeira do mundo

Crédito Luiz Brito

A partir da aldeia Paraitepuy, distante 26 km da base do Monte Roraima, são dois ou três dias de caminhada pela savana, subindo e descendo a todo instante até o alto da montanha. Às margens do Rio Tek (5 horas desde a aldeia) já se tem uma bela vista do Monte Kukenan, irmão do Roraima, mas de exploração muito mais difícil, possível apenas em período de poucas chuvas.

No verão, estação mais seca, é comum a fumaça das queimadas invadirem os acampamentos da trilha. A estiagem, porém, é um fenômeno raro. Chove regularmente ali durante pelo menos oito meses do ano. E mesmo de setembro a abril, época de menos chuvas, o local vive envolto em nuvens, que criam um microclima especial, contribuindo com a atmosfera misteriosa.

Além disso, as águas proporcionam a existência de cachoeiras espetaculares na região, como o famoso Salto Angel, no Ayuan Tepui, o maior salto de água do mundo em queda livre.

Respeito à montanha dos cristais: Turismo de experiência e contemplativo são base do tour

Lago Gladys – crédito Dulce Marchioro

O marco piramidal que define a tríplice fronteira, um elemento totalmente estranho à paisagem, fica numa espécie de arena, cercado por impressionantes formações. De um lado, o Vale dos Cristais, extenso e bonito (na Venezuela); do outro, o temido Labirinto (na Guiana).

Próximo, outro caminho cheio de fendas e lagoas leva ao paredão do lado brasileiro. Muito além do Labirinto fica o Lago Gladys. Muitos índios dizem que o local não existe. Alguns que já estiveram por lá criam dificuldades para encarar mais dois dias de trilha “suicida” a partir do ponto tríplice. O caminho ao Lago é apenas um entre os muitos temores dos índios Pemons, que exercem um estranho controle sobre a montanha.

Sozinho ou em grupo, trilhar os caminhos que levam ao topo do Monte Roraima é sempre uma aventura inesquecível, mas para que isso aconteça, é preciso alguns cuidados especiais e, sobretudo, um bom planejamento.

Serviços:

Como chegar – O Monte Roraima fica ao norte do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela e Guiana. A melhor forma de chegar é de avião até Boa Vista. A partir da capital, são necessárias 2,5h de estrada pela BR 174 até Santa Elena de Uairén, totalmente asfaltada. Depois, mais 68 km até a entrada da vicinal que conduz à Comunidade Indígena de Paraitepuy, localizada no Parque Nacional Canaima.

Quando ir – A melhor época é no período menos chuvoso, que compreende os meses de setembro a abril, mas cada ano é muito singular. Melhor contatar a agência antecipadamente para saber as condições climáticas da região, que é muito particular. Nesse período sugerido, as trilhas são menos escorregadias, a travessia de alguns rios é menos complicada e há um pouco mais de “conforto” nos acampamentos. As viagens nos outros períodos representam uma aventura maior, compensada também pelo espetáculo das cachoeiras mais densas. A temperatura na base oscila em torno dos 20 graus, e no topo fica por volta de zero graus à noite.

Quem leva – A Roraima Adventures é uma das principais operadoras de turismo da região amazônica e a maior de Roraima. Nesses quase 18 anos de operações, já levou para esse belo destino mais de 7 mil turistas de praticamente todos os Estados brasileiros, e dos mais variados países, como Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Argentina e Chile.

A Roraima Adventures é dirigida pelo experiente Magno Souza, casado, 58, administrador de empresas, que se especializou no turismo ecológico, de natureza e de aventura.

Mais informações e reservas: www.roraimaadventures.com.br ou (95) 3624-9611

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