Quais foram os impactos sofridos no turismo neste último trimestre do ano?

2022 começou com o desafio de ser um divisor de águas na indústria do turismo, fortemente impactada pela pandemia da COVID-19. Ouvimos lideranças do turismo para entender como foi o ano e os impactos dos eventos ocorridos no trimestre outubro-dezembro. Otimismo é palavra de orden para 2023.

“Com as chuvas, tivemos que trabalhar mais para fazer a mesma coisa e, ainda que as obras estejam dentro do cronograma, houve um período em que não pudemos trabalhar porque o tempo não permitia obras externas”.

A afirmação é do empresario Eduardo Passold, diretor- presidente e sócio-proprietário do Poehma Lago Negro, empreendimento de multipropriedade que está em construção em Gramado (RS). O empreendimento segue a linha de um hotel boutique com 28 apartamentos, e tem entrega programada para dezembro de 2023.

De acordo com João Cazeiro, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Livá, o otimismo revelado por Eduardo Passold se explica, entre outros, por dois fatores principais. Um deles é a a expectativa de crescimento do turismo. Em 2023, o setor deve crescer mais de 50%, segundo dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e que foram feitos a partir de estudo do terceiro trimestre de 2022, momento no qual a maior parte das empresas entrevistadas afirmou ter elevado em 100% ou mais o faturamento, em relação ao mesmo período do ano pasado. O segundo é porque a indústria da propriedade compartilhada, segmento no qual o Poehma está inserido, cresce de forma muito sólida no Brasil.

“A captação de dinheiro está mais complexa, o que é comum em fase de troca de governo e independente do resultado das eleições. Em todo o mundo, o dinheiro está mais caro e isso impacta todos os setores económicos, incluido o turismo. Mas a boa notícia é que há espaço para continuar crescendo, consolidando nossa operação em praças nas quais já atuamos e expandido para outras, como é o caso de Gramado”, diz.

Ainda no Sul do Brasil, está o hotel Mercure Itajaí Navegantes. Inaugrado em outubro de 2019 , o hotel não sofreu impacto algum em sua operação, mas segue atento aos desafíos de 2023, especialmente na área de eventos, mais sensível às decisões políticas.

“O fato de estarmos localizados em um rota de fácil acesso à praias e demais atrações turísticas da região, bem como próximos à empresas de logística e centro e eventos, circulamos entre os viajantes a negócios, eventos e lazer, ainda que o turismo corporativo represente, uma boa parcela de nossa ocupação”, diz a gerente-geral, Nadia Quadra.

A cidade de Curitiba, no Paraná, sentiu uma pequena diminuição de fluxo que impactou na ocupaçõa a partir do dia 16 de dezembro. Antes disso, no entanto, Fernando Kanbara, gerente-geral do Grand Mercure Curitba Rayon, comemorava a consolidação de sua operação, com uma taxa de ocupação acumulada de 55% no ano, crescimento de quase 10%, considerando a expectativa de uma ocupação média, acumulada, de 51%.

“Nosso crescimento é uma resposta direta aos esforços, renovações e inovações que temos feito no hotel e que, inclusive, têm nos gerado reconhecimentos e premiações no setor, tanto no que diz respeito à operação hoteleira como no que diz respeito à nossa área gastronómica, que é muito forte. Estamos muito otimistas para 2023”, pondera o executivo.

Aroldo Schultz, director-presidente da Schultz Operadora, confirma que as fortes chuvas impactaram a operação da empresa, em um dos seus roteiros terrestres.

“Uma viagem curta, de três horas, levou quase 14h. Nossas equipes de transporte, logística e operacional atuaram de forma conjunta para minimizar os impactos e seguir viagem, mesmo com os imprevistos”.

A mesma chuva que impactou negativamente algunas operações fomentou outras. Isso porque, com as chuvas e os eventuais cancelamentos de voos, hotéis que estão localizados próximos a aereoportos veem sua ocupação subir com o chamado lay-over.

“Os dias de jogos do Brasil foram quase feriados”, brinca César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management, complementando que “ainda assim, não impactaram nossa operação. Pelo contrario, aproveitamos as oportunidades do trimestre, entre as quais, os feriados prolongados de novembro, o que impulsionou a performance de nossos hotéis localizados em destinos turísticos ou focados em experiencias de lazer. Ao mesmo tempo, tivemos a retomada de eventos represados, o que foi especialmente bom para o corporativo”, diz.


Segundo, Clayton Araújo, gerente Comercial da Europamundo no Brasil. “No Brasil tivemos um cenário de muitas incertezas por ser um ano de eleições, Copa e Guerra. Mas o desafio maior foram as altas tarifas aéreas, agregadas a falta de assentos disponíveis no mercado. Por exemplo, não haviam aviões voando do Nordeste direto para a Europa. Os números de aviões, voos e assentos ficaram limitados”, desraca. A empresa é a única operadora com chancela da secretaria de turismo da Arábia Saudita.

“Estamos trabalhando muito próximos aos órgãos competentes e existe um esforço da secretaria do turismo local em facilitar a emissão de vistos para brasileiros. Não temos dúvidas de que a Arábia Saudita é o destino que mais deve crescer nos próximos anos”, afirma.

  • Imagem em destaque: Divulgação

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