Passos da implementação de teste da COVID-19 para a reabertura das fronteiras sem quarentena

(Imagem:takeoffperu)

Por Marcos Arruda

São Paulo – A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) apoia a publicação produzida pelo grupo Collaborative Arrangement for the Prevention and Management of Public Health Events in Civil Aviation (CAPSCA) da OACI – Manual on Testing and Cross Border Risk Management Measures (Manual sobre testes e medidas de gerenciamento de riscos nas fronteiras) da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Este documento fornece aos governos uma ferramenta de avaliação baseada em risco para o uso de programas de testes que podem aliviar as medidas de quarentena.

Esse avanço ocorreu após os comentários recentes do Dr. Didier Houssin, presidente do Comitê de Emergências de Regulamentações Sanitárias Internacionais da OMS, que prevê a implementação de testes como meio para permitir a retomada das viagens internacionais sem medidas de quarentena.

Após a reunião do Comitê de Emergência da OMS em 30 de outubro de 2020, o Dr. Didier disse que, “o uso dos testes certamente terá agora um espaço muito maior em comparação com a quarentena, por exemplo, o que claramente facilitaria os processos, considerando todos os esforços que têm sido feitos pelas companhias aéreas e pelos aeroportos.”

“Está crescendo o apoio ao nosso apelo por testes sistemáticos para reabrir as fronteiras com segurança, sem medidas de quarentena. A OACI, trabalhando com as autoridades de saúde e o setor, produziu uma estrutura de alto nível. As autoridades de saúde estão começando a analisar como os testes podem substituir a quarentena para impedir a disseminação do vírus entre fronteiras. Os resultados animadores dos programas-piloto de teste devem garantir aos estados a confiança necessária para avançar rapidamente”, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

Teste da COVID-19 — Eficácia e desempenho

Os programas-piloto para testes de COVID-19 de viajantes estão começando a produzir resultados encorajadores, que comprovam sua eficácia.

  • Um estudo avaliou passageiros que voaram para Toronto com testes em três momentos: na chegada, 7 dias e 14 dias após a chegada; 1% dos passageiros testou positivo durante esse período, com 70% deles detectados no primeiro teste. Em outras palavras, os resultados do estudo podem indicar o potencial de cerca de 60 em cada 20 mil viajantes passarem despercebidos na chegada, que é significativamente menor do que a prevalência subjacente no Canadá.
  • Um programa de teste antes do embarque para a rota Milão/Linate-Roma/Fiumicino detectou cerca de 0,8% dos passageiros com COVID-19. Como esse nível de incidência é consideravelmente maior que a prevalência da COVID-19 relatada na Itália na época, parece que não apenas o teste foi altamente eficaz na identificação de viajantes infectados, como também o teste sistemático é a melhor maneira de detectar casos assintomáticos e quebrar as cadeias de transmissão.
  • Um estudo europeu que será publicado em breve é ainda mais otimista. O estudo apresenta cenários para um mecanismo de teste altamente eficaz. Em um cenário de baixa prevalência, o número de casos positivos não detectados pode ser de apenas 5 a cada 20 mil viajantes, aumentando para 25 em situações de alta prevalência. Esses níveis de incidência ainda são muito mais baixos do que a prevalência subjacente da COVID-19 na Europa.
  • A IATA modelou os resultados dos testes para quantificar o risco que permaneceria se fossem implementados testes sistemáticos antes do embarque. Supondo que o teste identifique 75% dos viajantes corretamente com COVID-19 (a eficácia do teste) em uma população de origem com a prevalência de 0,8% da população (por exemplo, semelhante ao Chile), o risco é de 0,06% dos passageiros com a doença não detectada. Isso significaria 12 casos positivos não detectados para cada 20 mil passageiros que desembarcam.

Todos esses estudos sugerem que os testes são um meio eficiente de limitar a disseminação da COVID-19 através de viagens aéreas.

“Os dados mostram que testes sistemáticos podem reduzir o risco de importação da COVID-19 em viagens a níveis muito baixos – não eliminam totalmente o risco, mas reduzem a níveis muito baixos. Certamente, na maioria dos casos, isso reduziria o risco a níveis que indicam que os passageiros que chegam apresentam menor probabilidade de estarem infectados do que a população local e, portanto, não aumentam significativamente a prevalência da COVID-19 na maioria dos lugares. A eficiência aumentará. Avanços tecnológicos estão acontecendo todos os dias e vão melhorar o desempenho dos testes”, disse de Juniac.

A IATA incentiva a velocidade e o foco no gerenciamento de riscos.

“Nossa mentalidade deve estar focada em gerenciar os riscos do vírus, mantendo o bem-estar geral da população. Isso implica uma mudança das políticas governamentais atuais totalmente focadas em eliminar riscos até que a vacina esteja disponível, a qualquer custo, para a vida e o sustento das pessoas. Mesmo com as recentes notícias motivadoras, somente em 2021 poderemos esperar a vacinação em grande escala. Enquanto isso, negar às pessoas a liberdade de mobilidade causará danos irreparáveis aos empregos e ao nosso modo de vida. Estratégias com testes baseados em risco representam um caminho que pode facilitar a retomada econômica com segurança, aproveitando os benefícios do mundo reconectado. Os governos poderiam reduzir ainda mais o risco investindo em programas eficazes de rastreamento de contatos e monitoramento de saúde para isolar rapidamente qualquer potencial transmissão para comunidades. E podemos ter os benefícios de controlar a doença por meio de testes em grande escala de viajantes que não apresentam sintomas”, disse de Juniac.

Avanços significativos na tecnologia de testes ajudarão os governos a implementá-los para viajantes sem comprometer a disponibilidade de testes diretamente relacionados ao setor de saúde, em particular, o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR). Para que seja incorporado ao processo de viagem, o teste deve ser rápido, preciso, escalonável, fácil de usar e de custo acessível. Embora a IATA não recomende um tipo de teste específico, a precisão relatada para o teste rápido de antígeno (RAT) atende aos critérios acima. O estudo Oxford/Public Health England indica especificidade de 99,6% e sensibilidade muito alta para RAT.

Aspectos Práticos

Os testes têm o apoio dos viajantes. Uma pesquisa realizada pela IATA revelou que 83% das pessoas não viajariam se fosse exigida a quarentena. A pesquisa também mostrou que cerca de 88% dos viajantes estariam dispostos a fazer o teste se isso permitisse as viagens e que 65% acreditam que a quarentena não deve ser exigida se alguém testar negativo para COVID-19.

“A opinião pública apoia o teste COVID-19. As pessoas veem o teste como uma opção muito melhor que a quarentena, que interrompe as viagens. E elas se sentem confortáveis, pois se você for testado e der negativo, não precisará ficar em quarentena”, disse de Juniac.

Padrões globais são necessários para transformar os vários pilotos de teste e “bolhas” em uma retomada global dos voos internacionais. Para isso, a IATA está desenvolvendo:

  • Um guia prático de implementação do Manual on Testing and Cross Border Risk Management Measures (Manual do teste e medidas de gerenciamento de riscos nas fronteiras) da OACI.
  • O IATA Travel Pass para gerenciar os certificados de teste da COVID-19, uma das várias soluções em fase de desenvolvimento para ajudar no gerenciamento destes certificados. A IATA apoia a evolução de um mercado competitivo para estas soluções, que devem ser acessíveis, globais, precisas e interoperáveis.

Rapidez

A IATA pede a ação rápida dos governos que trabalham com o setor para a implementação de uma abordagem globalmente harmonizada e sistemática dos testes da COVID-19 no processo de viagens. As viagens continuam essencialmente paradas. Enquanto essa situação não mudar, mais empregos correm risco, dificultando ainda mais o caminho para a recuperação.

“A segurança é prioridade central da aviação. Esta crise apenas reforçou esse compromisso. Temos visto grandes esforços de governos, autoridades de saúde pública e entidades de aviação para garantir operações seguras, mesmo durante a pandemia. As diretrizes do Take-off da OACI são medidas práticas para oferecer um ambiente seguro de saúde pública, desde o check-in até a chegada. E os vários avanços nos testes, incluindo a orientação da OACI, refletem o que é necessário para abrir as fronteiras, minimizando o risco de importação da COVID-19”, disse de Juniac.

Veja aqui a apresentação sobre Teste e Reabertura com Segurança de Fronteiras.

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