Museu do Café ganha exposição multissensorial Campoamor

As memórias e experiências da artista Raquel Fayad apresentam o café de forma afetiva, por meio de diferentes linguagens, que aguçam o olfato e a audição dos visitantes

O Museu do Café (MC) – instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo – terá em cartaz, entre 24 de fevereiro e 12 de maio de 2024, a exposição Campoamor, de autoria de Raquel Fayad e curadoria de Andrés I. M. Hernández. Selecionada por meio do Edital ProAC 13/2023, a mostra temporária traz obras que se utilizam de elementos da memória e experiências vividas pela artista, protagonizando o café como linguagem condutora e conexão para diferentes narrativas.

São 47 obras, entre elas as séries Baronesas, 2019 e Hora do café, 2019, que materializam encantos dos encontros afetivos. A construção dessas narrativas faz uma referência sociocultural ao café, criando potentes manifestos visuais que provocam discussões sobre realidades cronológicas do convívio humano, como a tradição dos costumes sociais no café.

Em Apagamentos, 2019, a apropriação de imagens é contraposta pelo tempo no suporte e nas intervenções, remetendo ao progresso industrial e acentuando os campos de relacionamentos afetivos nas aproximações referenciais que provoca. Já Majestosas, 2019 e Baronesas, 2019 carregam, nas suas sonoridades, a permanência do tempo, do espaço e da memória.

As instaurações Campoamor, 2017/2024 e Toccata e Fuga, 2024 propõem experimentações em que o público entrará em contato com os grãos de café. Toccata tem uma força inerente à inserção do som, provocada pelo movimento com o rastelo, do moedor de café, e pela movimentação da artista e dos espectadores – de acordo com a artista, é um convite ao encontro com nós mesmos, com o nosso som interior.

Por sua vez, a videoinstalação Chama, 2017 traz referências dos processos até a torra do café com as combinações características dos quatro elementos da natureza (fogo, terra, água e ar) e dos estados físicos da matéria (sólido, líquido e gasoso). As abordagens de gênero e raça na formação cultural da identidade brasileira são retratadas nas obras das séries Peles, 2019 e Terra e sangue, 2019.

Para Fayad, Campoamor “traz um pouquinho das sensações e percepções desse fruto tão precioso, conduzindo o visitante pelo caminho do café do grão à bebida por meio de sensações, como toque, audição do roçar e aroma, ao mesmo tempo que provoco reflexões sobre a vida e minha percepção do mundo externo e sobre esse grão, que é alimento do corpo, da alma e da minha produção artística”.

Segundo o curador, “igualmente relevantes são os diálogos que Fayad prioriza entre as obras de arte e as particularidades históricas e estruturais dos espaços arquitetônicos onde o projeto artístico é apresentado”.

Durante a abertura da mostra, no sábado, 24 de fevereiro, às 11h30, será realizada a performance da obra Toccata e Fuga, na qual a artista interage com cinco moedores de café.


(Foto: Hugo Curti)

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