ABRAPE considera precipitado o cancelamento de eventos que seguem protocolos sanitários no país

Por Marcos Arruda

A retomada dos eventos de cultura e entretenimento é um processo que está em andamento em todo o país, de acordo com os índices epidemiológicos de cada região. Nos últimos meses, várias atividades foram realizadas de forma segura, seguindo protocolos sanitários, sem que houvesse influência no número de casos de Covid-19. Dessa forma, a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE) considera precipitado e prematuro o cancelamento de eventos que obedecem aos cuidados necessários e exigidos.

Muitos países continuam com o setor de eventos atuando, mesmo com os índices de casos muito maiores. “O nosso processo de retomada foi cauteloso, sempre olhando os indicadores epidemiológicos e, de repente, fecham os eventos abruptamente”, salienta Doreni Caramori Júnior, presidente da ABRAPE.

“No último trimestre, o retorno dos eventos mostrou que é possível realizar atividades de cultura e entretenimento sem impactar nos índices epidemiológicos. Um aumento pontual nos casos, e que não vem implicando em casos mais graves, não pode influenciar decisões prematuras no momento. É importante que sejam acompanhados os desdobramentos nas próximas semanas antes de se formalizar cancelamentos precipitadamente”, ressalta.

Doreni alerta que o princípio da precaução utilizado para justificar o cancelamento de eventos é incoerente. Se é para aplicar o princípio, tem que ser para todos, de forma horizontal, abrangendo as praias lotadas, ônibus lotados, manifestações políticas etc.

“O debate não deve ser restrito aos eventos. Isso é preconceito. Mais uma vez os eventos, que permaneceram totalmente paralisados por mais de um ano e meio, são utilizados como bodes expiatórios sem que tenham tido qualquer influência nos índices epidemiológicos”, aponta.

Exemplos como o do Carnatal, tradicional circuito de blocos que reuniu milhares de foliões em dezembro na capital do Rio Grande do Norte, comprovam isso. A Secretaria de Saúde Pública divulgou um boletim atestando que na semana consecutiva ao evento, foram 26 novos casos, um número abaixo do que os índices na semana do próprio Carnatal apresentavam, quando foram notificados 441 casos.

“O sucesso do Carnatal revelou que é viável a realização de eventos em locais onde a imunização avançou. O evento não teve qualquer influência em aumentos de casos”, salienta Doreni. O executivo defende que o mesmo raciocínio deve conduzir as discussões sobre a realização dos eventos de forma geral: “O que o país precisa discutir são as aglomerações que não têm condições de aplicar protocolos sanitários. Aliás, é preciso levar em consideração que há vários tipos de Carnaval, por exemplo. Há evento público, evento privado em espaço público, evento privado em espaço privado. Decidir pelo cancelamento agora é precipitado”.

  • Solução apontada pelo presidente é a realização de eventos onde seja possível controlar os protocolos sanitários.

“Veja novamente o exemplo do Carnatal. A festa foi realizada na área externa da Arena das Dunas e reuniu cerca de 15 mil foliões. Os organizadores restringiram o acesso dos foliões ao evento somente apresentando o cartão vacinal completo com as duas doses ou dose única da Janssen. Por que não fazer o mesmo em outras cidades, durante o Carnaval? Por que não adotar a mesma solução em locais onde a festa seja tradicional como Salvador”, frisa.

O executivo cita, ainda, outros exemplos:  “Já há eventos de grande porte realizados no país como a F1 e o Rodeio de Jaguariúna que reuniram um público bem maior do que o Carnaval e não houve impacto nos indicadores epidemiológicos. Temos um exemplo no futebol, também. Em 40 dias, foram colocadas 600 mil pessoas no Mineirão e isso não impactou em nada em relação à Covid-19 na Região Metropolitana de Belo Horizonte”.

  • Imagem em destaque: (Pixabay)

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